sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sociologia + Arte (parte II)

Entendendo a relação "difícil" entre arte e sociologia 


Apesar dos mais diversos contextos permitirem seu estudo através de uma perspectiva sociológica, com a arte foi diferente. Até encontrar repouso, a sociologia se deparou com resistências fortíssimas e oposições por parte dos estudiosos de estética - esses, certamente, cristalizados em dar valor apenas à obra de arte em si.
Diferentemente, nas palavras de Vera Zolberg citadas por Tota, para os sociólogos, mais do que a criação artística, é importante o processo social da criação de um status, no termo do qual algumas obras de arte são escolhidas para serem incluídas no cânone (...) de elite. O sociólogo está mais interessado no uso simbólico social da arte do que a obra de arte em si.

 Incontestavelmente, com o advento da sociologia nesse campo, houve a ampliação da definição de arte; agora, entendida como uma produção coletiva: o resultado mais relevante destes contributos é ter conduzido à superação definitiva das concepções autorais da arte, isto é, aquele conjunto de teorias que considera a obra como produto exclusivo do artista que a criou. (Tota, 2000)

Apesar de não ser foco(no momento), esse contexto de desconstrução do  autor-gênio (como individuo extraordinário)  se dá através dos teóricos da morte do autor, principalmente, com Becker e Foucault. Brevemente, nas palavras do último: devemos mudar radicalmente a nossa idéia tradicional de autor. Costumamos dizer que o autor é o criador genial de uma obra em que ele deposita, com infinita generosidade, um inesgotável mundo de significados. Costumamos pensar que o autor é tão diferente das outras pessoas e que está acima de qualquer linguagem que, mal começa a falar, os significados começam a proliferar (...) de maneira indefinida. A verdade é precisamente o contrário: o autor não é uma fonte infinita de significados que preenche um texto; (...) é antes um princípio funcional através do qual, na nossa cultura, se limita, se exclui, se escolhe; resumindo, através do qual se impede a livre circulação, a livre manipulação, composição, decomposição e recomposição.
Ou seja, para além do simples valor da criação artística em si (sem a intenção de subestimar ou agregar valor inferior), o artista é reposicionado, bem como sua obra, no interior dos contextos sociais; que, por sua vez, tornam possível a própria arte.


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