terça-feira, 11 de outubro de 2011

Sociologia + Arte (parte final)


Entendendo melhor o mundo e as tipologias artísticas

 Ainda seguindo essa perspectiva, “mundo” seria a soma de pessoas mais organizações, e que, através de vetores, tornam possível a produção de acontecimentos e objetos configurados por este mundo. Portanto, mundo artístico seria o conjunto de pessoas e as organizações que produzem os acontecimentos e objetos definidos por este mesmo mundo; neste caso, artístico – a arte.

 Os tipos artísticos despontariam de acordo com o grau de participação (ou até de comportamentos regulares) na ação coletiva dos mundos artísticos.

 Reiterando o post anterior, os profissionais integrados fariam parte, portanto, de um mundo artístico organizado (a exemplo dos artistas canônicos), em que há certa restrição em relação ao publico. As obras de arte são feitas com relativa eficiência e facilidade (isto é, baixo investimento em tempo e energia); esperam-se inovações e variações de certo modo (mesmo que as diferenças entre trabalhos sucessivos sejam pequenas), e esse profissional é tido como competente e considerado criativo pelos outros profissionais de seu próprio mundo.

Os inconformistas são artistas que, tendo pertencido ao mundo artístico convencional próprio de sua época, lugar e meio social, acharam-no tão inaceitavelmente restrito que acabaram por não querer mais conformar-se com as suas convenções. Por esta ligação afastada, enfrentam certa dificuldade para verem seus trabalhos realizados.

Já o artista ingênuo encontra-se classificado como “primitivo” e espontâneo: a sua relação com o mundo artístico é baixa, desconhecem os demais membros, (numa branda relativização) contam com pouca historia e pouco tato em relação às convenções, apesar de possuir uma própria rede de cooperação.
 Ou seja, enquanto o inconformista precisa lutar para se livrar de hábitos deixados pela formação profissional, o artista ingênuo nunca chegou a possuí-los.

 Por fim, o último caso seria a arte popular. Nesse grupo não há artistas profissionais e o que é executado não é necessariamente considerado arte; mas, espera-se o mínimo de qualidade.


Certamente, a arte está enraizada em todo e qualquer cotidiano, sendo assim visto ou não. A sociologia trouxe uma nova luz; “assim, finalmente, poderíamos afirmar, com bastante mais fundamento do que se afirma habitualmente, que o mundo da arte espelha a sociedade mais ampla na qual está inserido”. 



sábado, 8 de outubro de 2011

Sociologia + Arte(parte III)


  Becker e a arte como ação coletiva


 A participação e experiência pessoal em vários mundos artísticos levaram-me a uma concepção da arte com uma forma de ação coletiva.

                                                                              




 É facilmente sustentável a posição de que a arte possue amplo caráter social. O autor exemplifica, para melhor ilustração, que ao focalizar uma obra de arte especifica é útil pensar na organização social como uma rede de pessoas que cooperam para produzir e até consumir a obra em questão através de elos cooperativos.

 Outra linha de pensamento que permite a continuidade dessa tese central encontra-se no tocante das convenções: As convenções tornam a ação coletiva mais simples e menos custosa no que se refere a tempo, energia e outros recursos; mas elas não tornam impossível a obra não-convencional, tornam-na mais custosa e mais difícil.

 Ainda em relação às convenções, elas sugerem o grau de institucionalização desse processo. Tipos de artistas se configuram a partir do nível de alinhamento a essas convenções: o tipo ingênuo não seria de grande interesse sociológico por estar fora do contexto dessas convenções e preservar baixa interação social; o tipo integrado estaria alinhado às convenções, estaria legitimado, portanto, seria consagrado em seu meio; e o tipo inconformista, seria aquele que inicialmente se socializa, emerge no próprio mundo das convenções, e, posteriormente, rompe (podendo se reintegrar ou não).
 Com isso, a arte é social no sentido de que ela é criada por redes de relações de pessoas que atuam juntas e propõe um quadro de referência no qual formas diferentes de ação coletiva, mediadas por ações aceitas ou recentemente desenvolvidas, podem ser estudadas – como direciona Becker

Eu, realmente, super indico!



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sociologia + Arte (parte II)

Entendendo a relação "difícil" entre arte e sociologia 


Apesar dos mais diversos contextos permitirem seu estudo através de uma perspectiva sociológica, com a arte foi diferente. Até encontrar repouso, a sociologia se deparou com resistências fortíssimas e oposições por parte dos estudiosos de estética - esses, certamente, cristalizados em dar valor apenas à obra de arte em si.
Diferentemente, nas palavras de Vera Zolberg citadas por Tota, para os sociólogos, mais do que a criação artística, é importante o processo social da criação de um status, no termo do qual algumas obras de arte são escolhidas para serem incluídas no cânone (...) de elite. O sociólogo está mais interessado no uso simbólico social da arte do que a obra de arte em si.

 Incontestavelmente, com o advento da sociologia nesse campo, houve a ampliação da definição de arte; agora, entendida como uma produção coletiva: o resultado mais relevante destes contributos é ter conduzido à superação definitiva das concepções autorais da arte, isto é, aquele conjunto de teorias que considera a obra como produto exclusivo do artista que a criou. (Tota, 2000)

Apesar de não ser foco(no momento), esse contexto de desconstrução do  autor-gênio (como individuo extraordinário)  se dá através dos teóricos da morte do autor, principalmente, com Becker e Foucault. Brevemente, nas palavras do último: devemos mudar radicalmente a nossa idéia tradicional de autor. Costumamos dizer que o autor é o criador genial de uma obra em que ele deposita, com infinita generosidade, um inesgotável mundo de significados. Costumamos pensar que o autor é tão diferente das outras pessoas e que está acima de qualquer linguagem que, mal começa a falar, os significados começam a proliferar (...) de maneira indefinida. A verdade é precisamente o contrário: o autor não é uma fonte infinita de significados que preenche um texto; (...) é antes um princípio funcional através do qual, na nossa cultura, se limita, se exclui, se escolhe; resumindo, através do qual se impede a livre circulação, a livre manipulação, composição, decomposição e recomposição.
Ou seja, para além do simples valor da criação artística em si (sem a intenção de subestimar ou agregar valor inferior), o artista é reposicionado, bem como sua obra, no interior dos contextos sociais; que, por sua vez, tornam possível a própria arte.


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sociologia + Arte

El arte por su papel y por su alcance social, solo recientemente se ha situado, o más bien impuesto decididamente, a la atención de los sociólogos, de modo que llega a constituir una rama especializada de la sociologia, o una sección de la sociologia, y precisamente uma “sociologia del arte”.

                                                                                                Michele Marotta

                                    


Retomando alguns escritos próprios, compreendi, definitivamente, a riqueza desse campo e percebi o quanto ainda ele tem e pode ser explorado – a partir da bibliografia já existente e seus desdobramentos: das primícias, como o entender a sociologia da arte (essa relação difícil, como nos indica Tota e Bourdieu), às fusões mais complexas, envolvendo outras áreas desse meio ou até de outros, como o da política (a partir de Marcuse, por exemplo).

Diante desse cenário vasto e complexo, a partir de Anna Lisa Tota e Howard Becker, transcenderei (ou tentarei, ao menos), aqui no Outra Flor, junto ao descortinar dos posicionamentos e pensamentos impressos desses autores. 

 Porque...
Muito bem, Mafalda!


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Além do que se vê (8)

Coral
 Muita leitura, agitação, intensidade, trânsito, desprendimento(amo isso!), frutos e cores...
Confiram a minha trilha sonora de uns 15 dias pra cá! Marcelo canta e encanta! Além do que se vê!!!



Moça, Olha só, o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar e perceber
Que a estrada vai além do que se vê
Sei, que a tua solidão me dói
E que é difícil ser feliz
Mais do que somos todos nós
Você supõe o céu
Sei, que o vento que entortou a flor
Passou também por nosso lar
E foi você quem desviou
Com golpes de pincel
Eu sei, é o amor que ninguém mais vê
Deixa eu ver a moça
Toma o teu, voa mais
Que o bloco da família vai atrás
Põe mais um na mesa de jantar
Porque hoje eu vou "praí" te ver
E tira o som dessa TV
Pra gente conversar
Diz pro bambo usar o violão
Pede pro Tico me esperar
E avisa que eu só vou chegar
No último vagão
É bom te ver sorrir
Deixa eu ver à moça
Que eu também vou atrás
E a banda diz: - assim é que se faz.






                                                               Beijos! 

(Vídeo gravado no Sesc Pinheiro por , em março de 2009).


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